Saldos da pandemia: 7 especialistas dizem como serão os negócios daqui para frente
Autor: Fillipe Fernandes e Nayara Rosolen - Estagiários de Jornalismo
Rio de Janeiro tem o primeiro dia de comércio fechado por determinação da prefeitura
A tecnologia e o universo digital já são uma realidade na vida das pessoas e negócios no século 21. Entretanto, graças à crise de saúde global causada pela Covid-19, houve uma aceleração da digitalização de processos e expansão em serviços como o de entrega de comidas, por exemplo.
Segundo dados da Associação Brasileira de Bares e Restaurantes (Abrasel), o mercado de delivery tende a crescer 20% este ano em relação a 2019. No ano ado o setor faturou R$ 15 bilhões, e a estimativa de 2020 é de R$ 18 bilhões. A mudança de cultura também está na forma como os pedidos são feitos. O telefone perde espaço para os aplicativos de entrega.
O comércio varejista eletrônico, e-commerce, também demonstra crescimento no “novo normal”. As vendas online aumentaram 40% no primeiro semestre de 2020, conforme pesquisa da consultoria em marketing conversion. O segmento de eletrônicos é o que mais expandiu as vendas, com alta de 140% no período.
Mesmo com todo esse crescimento, mais de 1,3 milhão de empresas fecharam até o mês de junho no Brasil. Dessas, 522,6 mil encerraram suas atividades por causa da Covid-19. Praticamente todas elas eram de pequeno porte. O setor de serviços foi o mais afetado, segundo a pesquisa Pulso Empresa: Impacto da Covid-19 nas Empresas, divulgada no mês ado pelo IBGE.
Perspectivas para o futuro
Crescimento das empresas no ambiente online, perecimento das empresas nas ruas. As medidas sanitárias adotadas para conter a Covid-19 é um dos fatores que desafia qualquer ação empreendedora. O programa Bom Negócio, realizado pela prefeitura de Curitiba em parceria com a Uninter, promoveu encontros virtuais com a intenção de fomentar os pequenos negócios e auxiliar microempreendedores a ar por esse momento complexo.
Os professores da Uninter, especialistas em diversas áreas de gestão, marketing, finanças, empreendedorismo e recursos humanos, propam o que podemos esperar para o futuro dos negócios. As perspectivas para o futuro são diversas, mas algo é comum na análise deles: o contexto digital será permeado pela interação humana. Veja o que dizem os professores:
Tecnologia é imprescindível – “O uso da tecnologia se torna imprescindível para criar e manter a conexão entre as pessoas, sendo o estabelecimento de uma relação de confiança entre empresas e clientes sustentada pela ética e responsabilidade socioambiental no uso desta tecnologia. Porém, o diferencial das empresas continua sendo as pessoas que estão por trás disso tudo, a agilidade e precisão com o uso da tecnologia facilita e realmente é muito importante, mas não substitui a interação entre as pessoas. No pós-pandemia, as empresas tendem a sair mais tecnológicas e as pessoas tendem a sair mais humanas, ou seja, os negócios devem inevitavelmente acompanhar e se adequar aos avanços tecnológicos, mas não devem perder o foco do principal ativo que são as pessoas, devem pensar na necessidade de um novo perfil de liderança mais humanizada, em estratégias para o desenvolvimento humano e das relações que permeiam e sustentam o negócio”. Professora Andressa Meneghelli, que lecionou Gestão de Pessoas – Encorajando Talentos no programa Bom Negócio.
O cliente mudou – “Todo mundo fala em novo normal. Os mercados mudaram, o cliente mudou. Aquele que nunca comprou no e-commerce, ou a comprar por ser a única opção que ele tinha e viu que é bom, que ele pode fazer escolhas talvez até melhores. Quem não investia no mercado digital, novas ferramentas, ou a investir. Esses pequenos empreendedores precisam estar capacitados, senão, não conseguirão sobreviver durante e pós pandemia”. Professora Vanessa Rolon, coordenadora do curso de istração, que lecionou Mercado, Produto, Vendas e o Novo Cliente no programa Bom Negócio.
Consumidor mais exigente – “Entendemos que o consumidor está mais exigente, que o empreendedor deve se adaptar com mais agilidade. A sobrevivência da empresa depende do encantamento do cliente, que não compra somente um produto ou serviço, mas busca também uma experiência positiva, agradável e encantadora”. Professora Aline Eberspacher, coordenadora de Pós-graduação, que lecionou Gestão Inovadora no programa Bom Negócio.
Valorização dos pequenos – “A valorização do pequeno, dos negócios locais em detrimento dos grandes e distantes. Comprando do mercadinho ao lado da minha casa, eu faço com que ele se mantenha ativo. Este pensamento para muitas pessoas é novo e aconteceu em todas as áreas, não apenas no varejo. Investir no pequeno é um caminho, mas não é o primeiro caminho na cabeça de muitos economistas. Ser pequeno, manter-se pequeno, também é um caminho para as empresas. O crescimento ilimitado hoje é um paradigma. Antes das empresas crescerem, é preciso que elas sejam sadias. Muitas empresas crescem doentes. Por empresa doente eu entendo que é uma empresa que tem dificuldade em manter o seu caixa, e aí nesse sentido ela tem que estar sempre explorando mais as pessoas e o seus mercados, sempre no limite, pagando mal, muitas vezes e oferecendo produtos de baixa qualidade”. Professor Claudio Hernandes, coordenador dos cursos de Processos Gerenciais e Negócios Digitais, que lecionou Gestão da Criatividade e Inovação no programa Bom Negócio.
Integração online e offline – “Eu vejo que os negócios precisam dessa adaptação: nem tudo online, nem tudo offline, mas uma integração. Falamos muito em revolução digital, transformação digital, mas os negócios precisam mesmo é de uma adaptação. Muitos não utilizam nem as ferramentas básicas, por falta de conhecimento técnico e operacional. O futuro dos negócios é focado na experiência, e experiência podemos fornecer em qualquer contexto”. Professora Maria Carolina Avis, professora nos cursos de Marketing e Marketing Digital, que lecionou Marketing Digital, Tecnologia e Inovação no programa Bom Negócio.
Apoio aos empreendedores – “As crises abrem oportunidade para que novos negócios aconteçam, mas ao mesmo tempo é preciso de apoio porque as empresas que existem precisam de e para conseguirem continuar suas atividades e, dentro desse cenário, manter os seus colaboradores. Até porque isso vai gerar benefícios para a economia como um todo. amos um momento de grande turbulência, mas se todos trabalharem juntos a gente pode vencer isso. Trabalho muito com aglomerações de empresas, que consiste em incentivar a interação entre as empresas e bancos, governo, instituições educacionais e de apoio ao empreendedorismo, essas iniciativas podem gerar a inovação que precisamos”. Professora Pollyanna Gondin, tutora no curso de Blockchain, Criptomoedas e Finanças na Era Digital, que lecionou Finanças e Sustentabilidade no programa Bom Negócio.
Criatividade é essencial – “Acredito que o mundo mudou, não será mais o mesmo. As empresas mudaram e sobretudo os consumidores! Então aquela empresa que se adaptar de forma mais rápida, sairá na frente. E para isso um componente essencial é a criatividade, coisa que nosso empreendedor brasileiro tem de sobra”. Professora Shirlei Camargo, tutora do curso de Gestão Comercial, que lecionou Mercado, Produto, Vendas e o Novo Cliente no programa Bom Negócio.
Autor: Fillipe Fernandes e Nayara Rosolen - Estagiários de JornalismoEdição: Mauri König
Créditos do Fotógrafo: Tania Regô/Agência Brasil