Nos holofotes, o direito de todos os corpos existirem na arte
Autor: Igor Horbach Carvalho - estagiário de jornalismo
O programa Art&Cultura, da TV Uninter, trouxe uma discussão essencial sobre representatividade e ibilidade nos palcos com o tema “Diversidade em cena: o direito de todos os corpos no teatro”. A convidada da edição, Gabi Coutinho, abordou sua trajetória na arte, as dificuldades enfrentadas por corpos gordos no meio teatral e a necessidade urgente de mudanças estruturais para garantir inclusão.
Gabi destacou como a arte foi um reencontro consigo mesma após um episódio de burnout. Para ela, a conexão emocional com o trabalho artístico transforma não só a própria vida, mas também o impacto que se tem sobre os outros. Essa perspectiva, segundo ela, reforça a importância do “body positive”. Um movimento que prega a aceitação do corpo como ele é, sem a imposição de padrões estéticos inalcançáveis. “Mesmo que você queira mudar, precisa começar se amando”, afirmou.
A discussão também abordou os estereótipos perpetuados no teatro, onde corpos gordos ainda são frequentemente associados a papéis cômicos ou vilanescos. Além disso, a indústria enfrenta desafios na adaptação de figurinos e a preocupação excessiva das produtoras com a reação do público, o que limita a diversidade nas narrativas teatrais. “Precisamos tirar nossas ideias do papel e mudar essa realidade”, ressaltou Gabi.
A ibilidade foi outro ponto central do debate. Desde assentos inadequados para corpos gordos até cabines técnicas minúsculas, os espaços teatrais ainda não estão preparados para receber todos os corpos. Gabi compartilhou um episódio pessoal marcante em que ficou presa em uma cadeira de teatro, sofrendo dor e machucados. “Não é só trocar o assento. Precisa de comunicação para que as pessoas saibam que têm esse lugar”, explicou, ressaltando que a inclusão exige um olhar sistêmico.
Por fim, a artista destacou o papel das redes sociais na discussão sobre representatividade. Apesar do lado negativo da comparação excessiva, a internet proporciona visibilidade e abre espaços de fala antes inexistentes. Para ela, enfrentar o preconceito exige trabalho de autoconhecimento e ação prática. “Eu sou gorda, isso não é um xingamento, isso é uma condição. E eu tenho o meu lugar”, concluiu, reforçando que a mudança a pela estrutura física dos espaços, pelos atendimentos e pela forma como a sociedade encara a diversidade nos palcos e fora deles.
O episódio foi ao ar no dia 27 de março, na TV Uninter. Clique aqui para assistir.
Autor: Igor Horbach Carvalho - estagiário de jornalismoEdição: Larissa Drabeski